Inclusão digital é um conceito abrangente
e cuja definição implica que tenhamos em consideração diferentes aspectos, sob
o risco de que se apresente demasiado redutor. Para tal, Souza e Bonilla (2009) consideram o
conceito de inclusão digital tendo em conta as noções de: lógica capitalista,
inclusão social, alfabetização digital e acessibilidade.
Segundo estes autores (2009),
perceber o conceito inclusão digital numa sociedade influenciada pela lógica
capitalista, implica pensarmos em infra-estruturas que têm como objetivo
possibilitar o acesso a produtos e serviços – Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) e Internet – para conseguir captar e angariar o maior número
possível de clientes. A massificação de cursos de informática poderia, nesta
lógica, ser entendida como uma forma de converter o maior número possível de
info-excluídos em clientes.
De acordo com Souza e Bonilla
(2009), também não faz sentido pensar na inclusão digital sem associá-la à
noção de inclusão social. A mera implementação de dispositivos tecnológicos sem
levar em linha de conta as especificidades (problemas, necessidades, objetivos,
condição económica, aspirações, …) das diferentes realidades existentes numa
sociedade poderá levar ao aparecimento de mais clivagens, ao invés de fomentar
a inclusão. Por exemplo, ter em casa um computador com acesso à internet
pressupõe uma exigência financeira que não está acessível a um número muito
significativo de pessoas e famílias. Mesmo que estas pessoas mais empobrecidas
tivessem acesso a estes dispositivos, se não se tivesse em linha de conta as
suas prioridades, as suas necessidades mais básicas, estas pessoas poderiam
nunca se identificar com este tipo de equipamentos.
Contudo, na Era da sociedade
digital não podemos esquecer que a inclusão digital é uma dimensão da inclusão
social, na medida em que permite às pessoas terem acesso à informação e à
participação social. Aliás, existe entre elas uma relação de reciprocidade, em que cada uma delas funciona como potencializadora da outra.
Ao conceito de inclusão digital está
também associada a noção de alfabetização digital (Souza e Bonilla, 2009), embora
não se esgote na mesma. É necessário ir mais além. A alfabetização digital
consiste em ensinar as pessoas a trabalhar com o computador. A Inclusão digital
implica que a utilização das TIC e da Internet acrescente valor à vida das pessoas,
possibilitando-lhes o acesso ao conhecimento, a bens e serviços, bem como a produção
de informação. Desta forma, estar incluído não é adotar uma postura passiva,
limitando-se a reproduzir comportamentos informáticos aprendidos, por exemplo,
através de cursos. A inclusão digital implica que as pessoas ajam ativamente,
utilizando as TIC e a Internet de forma que estas lhes tragam benefícios
pessoais e sociais. Estar incluído é vivenciar transformações através da interação
com os outros e da participação ativa na vida em sociedade, sofrendo, simultaneamente,
a sua influência. Tudo isto numa relação recíproca.
Por último, Souza e Bonilla
(2009) apresentam a noção de acessibilidade como outro elemento aglutinador da
compreensão do significado de inclusão digital. Segundo Silveira (2001), quando “a
maioria da população é privada do acesso à comunicação mediada por computador,
está sendo simplesmente impedida de se comunicar pelo meio mais ágil, completo
e abrangente” (citado em Souza e Bonilla, 2009, p. 142).
Apesar da importância de que se
reveste o conceito de acessibilidade, quando falamos da noção de inclusão
digital esta também não se esgota na problemática das pessoas poderem
ou não aceder às estruturas digitais. Como defendem estes autores, “O acesso
pelo acesso não promove a construção de sujeitos autônomos, tampouco promove
coletivos sociais capazes de modificarem a realidade em que estão imersos.” (Souza
& Bonilla, 2009, p. 142). Ou seja, quando abordamos o tema de inclusão
digital, não basta apenas colocar a ênfase na questão da “acessibilidade” que
as pessoas têm ou não às TIC e à Internet, mas que a ela associemos outros
aspetos que nos permitam compreender, de uma forma global, o fenómeno da
inclusão digital na sua complexidade. As pessoas, para se considerarem incluídas
digitalmente, devem ser capazes de mobilizar ativamente o potencial destas
novas tecnologias, criando para si novas oportunidades de crescimento pessoal e
de integração social.
Para mais artigos sobre o mesmo assunto, por favor clicar abaixo:
http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/view/289/199
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/2397
http://eprints.lse.ac.uk/26938/
http://scholar.google.pt/scholarq=Desmistificando+a+Inclus%C3%A3o+Digital+Marie+Anne+Macadar*+&btnG=&hl=pt-PT&as_sdt=0%2C5
http://compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewArticle/144
http://scholar.google.pt/scholarhl=ptPT&q=NAVEGABILIDADE+E+INCLUS%C3%83O+DIGITAL%3A+USABILIDADE+E+COMPET%C3%8ANCIA+&btnG=&lr=
Para mais artigos sobre o mesmo assunto, por favor clicar abaixo:
http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/view/289/199
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/2397
http://eprints.lse.ac.uk/26938/
http://scholar.google.pt/scholarq=Desmistificando+a+Inclus%C3%A3o+Digital+Marie+Anne+Macadar*+&btnG=&hl=pt-PT&as_sdt=0%2C5
http://compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewArticle/144
http://scholar.google.pt/scholarhl=ptPT&q=NAVEGABILIDADE+E+INCLUS%C3%83O+DIGITAL%3A+USABILIDADE+E+COMPET%C3%8ANCIA+&btnG=&lr=
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